Gripe aviária
Sinal de alerta
Chegada da doença à Europa leva especialistas a
acreditar que uma pandemia é questão de tempo
Por Fernando F. Kadaoka
Uma certeza aterrorizante tomou conta dos especialistas após a notícia do desembarque na Europa do H5N1 – a variante mortal do vírus da gripe aviária. A questão agora não é mais discutir se a pandemia vai acontecer e atingir seres humanos, mas quando isso irá ocorrer. O código de duas letras e dois números batiza uma doença devastadora, que infecta e mata diversos tipos de aves. O problema surgiu em 2003, com casos isolados no Vietnã e no Camboja. Mas em pouco tempo virou epidemia e atingiu em cheio o continente europeu. Já são sete os países da União Européia com casos de aves mortas pelo vírus fatal: Áustria, Alemanha, Eslovênia, França, Grécia, Itália e, desde terça-feira 21, Hungria. O Brasil recebeu da OMS amostras do vírus e até o meio do ano irá produzir 20 mil doses de vacina contra essa variante. Além disso, iniciou um controle das aves migratórias que passam pelo País e treina veterinários para cuidar delas e orientar os eventuais casos de contaminação.
Desde 2003, 170 pessoas foram infectadas por contato direto com aves doentes em 32 países. Destas, 92 morreram – 42 no Vietnã, 18 na Indonésia, 14 na Tailândia, oito na China, quatro no Camboja, quatro na Turquia e duas no Iraque. Representantes desses países já estão se reunindo para traçar uma estratégia comum. “O risco de pandemia é real. Seria semelhante à gripe espanhola, pois a chance de o vírus sofrer mutação e atingir humanos é alta”, disse a ISTOÉ Alexandre Kalache, médico da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na quarta-feira 22, o vírus foi confirmado pela primeira vez numa ave de granja européia – uma galinha, na Áustria. Se o H5N1 contaminar a produção, seria o início da catástrofe. A França, o maior produtor de aves da Europa, encontrou um pato selvagem morto por causa do vírus em Lyon. Os custos do combate poderão chegar a US$ 1,9 bilhão, mas há divergências na União Européia sobre quais medidas tomar.
No comments:
Post a Comment