NOSSOS CORAÇÕES

Levei minha bicicleta para consertar; o pneu traseiro estava furado. Há três semanas eu havia adquirido uma nova câmara de ar, mas o fato era que um quase imperceptível buraco havia se instalado na câmara novinha. Suspirei e investi a fortuna de R$ 2,00 para poder pedalar outra vez. Enquanto o rapaz encaminhava o remendo, pensei em meu coração, muito semelhante ao pneu de minha bicicleta.

É impressionante que, em nossa caminhada com o Senhor, às vezes pensamos que está tudo bem, que as estruturas de nossos corações estão em bom estado, asseguradas pela última bênção, hora devocional ou consagração. Então, revela-se o furo, aparentemente insignificante. Não se trata de uma explosão dramática, mas de uma brecha minúscula, que sutilmente exaure as forças, que nos faz definhar bem devagar, até o ponto em que não conseguimos mais “funcionar” adequadamente. Acordamos uma manhã e notamos que o pneu esvaziou. A única solução é um remendo bem feito ou, em situações mais drásticas, uma nova câmara de ar.

Meu coração é assim mesmo, frágil. Minha iniqüidade é desagradavelmente insistente. Preciso de conserto diário, manutenção vitalícia até o momento da glorificação. A cada dia que passa, me torno mais inseguro acerca de minhas capacidades e recursos. Minha única segurança é a graça do Senhor, nos termos da maravilhosa expressão paulina:

Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gl 2.20.

Ainda bem que tenho o Senhor. Ele me auxilia a fechar as brechas. Dia após dia, ele me restaura e ajuda.

Misael Nascimento (pastor)