Followers

Tuesday, June 06, 2006

DA VINCI CODE - Uma boa explicação

Dan Brown, com o intuito de suscitar o interesse do grande público, vai lançando mão e misturando misticismo, ritualismos secretos, enigmas, feminismo, new age e um elenco de ciências ocultas que, sabidamente, mexem com a imaginação de muitas pessoas.

Não houvesse, de fato, fascínio por tais temas, Paulo Coelho estaria redigindo horóscopos em algum jornal de aldeia.

Mas o melhor enfeite desse bolo de que se compõe o Código Da Vinci é a afirmação de que Cristo não morreu na cruz, teve filhos com Maria Madalena, e o cristianismo se constitui, portanto, numa grande conspiração que atravessa a história.

Para sustentar tal assertiva, que de um lado estrutura a novela e de outro lhe estimula o marketing, o autor não se contenta com lançar mão de invencionices.

Faz pior, declarando como fato, na introdução do livro, que o Priorado de Sião foi criado em 1099. Sabe-se, porém, desde 1989, que essa sociedade secreta foi urdida nos anos 60 do século passado como parte de um golpe ensaiado pelo falsário francês Pierre Plantard com o intuito de se legitimar herdeiro do trono da França e ganhar dinheiro nisso. Plantard confessou sua tramóia, em 1993, perante a justiça de seu país.

Dan Brown ainda afirma, no mesmo brevíssimo preâmbulo, sob o título “Fatos”, que as descrições de obras de arte, arquitetura e documentos mencionados no livro “correspondem rigorosamente à realidade” (“are accurated”, no original em inglês).

É ali, portanto, nas primeiras páginas do Código, que Dan Brown se transforma num completo vigarista, sustentado pela curiosidade de muitos (entre os quais eu mesmo) e pela excessiva ignorância de outros tantos.

Embora julgue que o uso de elementos históricos como base para criação literária exija um mínimo de veracidade, eu não jogaria o trabalho de Dan Brown no lixo apenas por isso.

O problema da obra não está em tecer enredo sobre algo que não é verdadeiro, mas em apresentar como verdadeiro o que é falso. E o livro está repleto de erros e trambiques.

Dan Brown, aliás, é um Pierre Plantard que deu certo. Este quis fazer os franceses de bobos. Aquele escreveu um verdadeiro código dos bobos.

texto de Percival Puggina

No comments: